sábado, 8 de setembro de 2012

São Luís de quatro séculos



                                                                                        JOSÉ CHAGAS

                                               foto de Deusana Chagas
São Luís, no aniversário,
não sabe se canta ou chora;
no seu quarto centenário,
mal ou bem canta e aflora.

Chora a morte do poeta
que a encheu de poesia,
e com ela se completa
sempre que aniversaria.

O poeta não morreu,
no aniversário da Ilha,
o que ele deixou de seu
ainda faz com que ela brilha.

Cercada de sonhos, lendas,
como uma ilha de ouro,
sempre enfrentou as contendas.
dos que buscavam tesouro.

Perdeu sua identidade
com outros nomes que dão
e  tanta gente que a invade
quer se permita quer não.

Por não saber a raiz
de sua origem arcaica
deixa de ser São Luís
para ser uma Jamaica.

Com já 400 anos,
é que a cidade assim é,
sofrendo perdas e danos
mas ainda está de pé.

São Luís ainda brilha
como o fez antigamente.
Em nosso mar, é uma ilha,
na cultura, é um continente.

Quatro séculos apenas
para incutir na história
uma simbólica Atenas
e uma França Provisória.

Ela não foi descoberta
por nenhum povo europeu.
 A ilha é uma bela oferta
que a natureza nos deu.

Sei que ela não se envergonha,
mas talvez se sinta mal,
se por acaso ainda sonha
com  França Equinocial.
 
Ela se fez patrimônio
da humanidade cansada,
nas mãos de um povo inidôneo,
que da terra não quer nada.

Todos amam São Luís,
só da boca para fora,
e o que só a boca diz
a alma não comemora.

Cidade que se fez minha,
como também me fiz dela,
por seu porte de rainha,
por ser cultural e bela.

Cantarei a vida inteira,
mas com alma e coração
esta terra sobranceira,
toda glorificação.

 fonte: Jornal O estado do Maranhão edição especial
foto:Deusana Chagas


2 comentários:

Unknown disse...

Grande poeta e amigo do meu saudoso pai (Oliveira Ramos), fico feliz por tê-lo encontrado em atividade, povoando de luz esse obscuro espaço cibernético. Hoje reli "Poesia Atual do Maranhão - SIOGE - 1976) e deleitei-me com a análise que meu pai fez de sua poética. Grande abraço. Samir de Oliveira Ramos

Daniel Osiecki disse...

Sr. Chagas, meu nome é Daniel Osiecki e sou professor de literatura. Sou de Curitiba e trabalho com seus poemas há alguns anos com meus alunos. Lavoura Azul é uma verdadeira obra-prima. Gostaria de entrevistá-lo para publicar no jornal Relevo, periódico com o qual contribuo mensalmente.Um grande abraço.