terça-feira, 19 de maio de 2009
Fragmentos do livro Portugal (Discurso em Versos) - José Chagas
1
Portugal, tu és história
e também poesia pura.
A tua perene glória
te renova e reinaugura.
És tão velho quanto novo,
tão de ontem como de agora,
para a alegria de um povo
que te vive e rememora.
Teu passado está presente
na alma de todos nós,
como algo que se alimente
nos manes de teus avós.
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2
Passaram tempos e vidas,
passaram sonhos e nomes:
sombras ficaram contidas
nas lembranças que consomes.
Foram-se embora teus reis,
teus heróicos navegantes,
e hás de ser mais português
agora do que eras dantes.
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Foi-se a fase transitória.
buscas agora o eterno,
dentro de tua vanglória,
por entre o antigo e o moderno.
E hás de seguir tua esteira
de navegação infinda;
descobriste a terra inteira,
não te descobriste ainda.
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4
Ó eterno enamorado
das ondinas e sereias,
pondo o teu mundo encantando
na crista das marés cheias.
Pois tua glória era mar
e não as terras estranhas,
que sempre ousaram negar
tuas lendárias façanhas.
O mar foi o teu troféu,
o teu caminho seguro;
só entre as águas e o céu
pôde caber teu futuro.
Só o horizonte se abria,
no azul de sua razão,
para essa imensa ousadia
a que só os heróis se dão.
Correste terras e mares
num vagar revelador,
e os teus numes seculares
levaram-te além da dor,
levaram-te além do sonho
ou do próprio pesadelo,
que o mar quanto mais medonho
mais tu sabias vencê-lo.
Entre alegrias e mágoas,
só o mar te pertenceu
e só no espelho das águas
fitaste o destino teu,
como orgulhoso narciso
a achar que, em sua visão,
navegar era preciso,
mas viver era que não.
Navegar por navegar,
que essa é a maior descoberta:
descobrir o próprio mar,
que atrai, assusta e liberta.
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deusanachagas@gmail.com
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Um comentário:
Parabéns, poeta. Lindo texto.
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