sábado, 9 de maio de 2009

Mãe é mãe

José Chagas

Bem, o leitor sabe que amanhã é o Dia das Mães e que não há nada referente ao comportamento humano, tanto no bem como no mal, que não tenha mãe no meio, ou melhor, no início. Ninguém nasce sem mãe, ainda que seja mãe de aluguel, como já vem ocorrendo. Toda a humanidade tem mãe. E o que pretendo lembrar é o que sofrem as mães de coração sensível, diante do que de terrível apresenta o mundo, em sua destinação histórica, sabendo-se que elas estão na base de tudo isso. Pensem no fato de que Bush, Hussein, Bin Laden, como tantos abomináveis tipos humanos, saíram de ventres de mãe. E se de fato “ser mãe é padecer no paraíso”, como diz o poeta, imagine-se o que é ser mãe num inferno como o de nossos tempos. Atente-se para a tragédia da mãe que cria o filho com tanto sacrifício e tanto cuidado, para depois ser assassinada por ele, o que já é quase rotina nos dias de hoje. Sei que estou destoando dos que festejam a data com loas às mães felizes, as que dos filhos recebem presentes e não tiros ou cacetadas. Entendo que as mães felizes pensam nas mães que não têm a mesma sorte. Mãe é mãe, na alegria e na dor. E essa expressão mãe é mãe acentuou-se mais em minha memória, quando, outro dia, naquele caso de um menor da Febem que matou outro, vi, na televisão, a mãe do assassino apelando em prantos para ver o filho, e o pessoal dos direitos humanos argumentando que mãe é mãe e que ela estava sofrendo muito, merecia ser atendida. Houve então quem, por sua vez – reconhecendo que, na verdade, mãe é mãe – perguntasse: - mas será que ela está sofrendo mais do que a mãe do assassinado? Note-se que entra aí em jogo a sutileza dos direitos humanos que parecem atuar mais de um lado do que de outro. Considerem o confronto da mãe do filho assassino com a mãe do filho vitimado. Sabendo-se que mãe é mãe, será que, nessas circunstâncias, uma é mais mãe do que a outra? E observe-se que os bandidos não respeitam direitos humanos de ninguém, matam por qualquer motivo ou sem motivo. Mas, como ficam vivos, exige-se que se considerem os seus direitos. Muito justo. É claro, portanto, que os que não tiveram direito aos seus direitos humanos, e estão mortos, só têm agora de contar com os direitos divinos. Que se apeguem com Deus. No caso, porém, das duas mães, sabendo-se que ambas estão vivas, como equilibrar esses direitos? Temos aí um tema para os que ainda achem que vale a pena meditar um pouco, no Dia das Mães. Ou será que o dia não é para isso?

Crônica publicada há alugum tempo em o Estado do Maranhão

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