Trabalho nuvens como quem trabalha
o chão que é seu, mas eu não tenho chão.
Cultivador da natureza falha,
planto no azul o que de azul me dão.
Sobre o campo de nuvens cresce a palha
do sonho e cobre a minha solidão.
E esse abrigo de sonhos me agasalha
contra os falsos azuis que vêm e vão.
Minha roça no ar produz estrelas,
mas eu não tenho mãos para colhê-las,
nesta safra de azul que é nova e antiga.
Sou lavrador do quanto não se lavra
e é preciso que eu ceife na palavra
o maduro do azul e a sua espiga.
Poema extraído do livro Lavoura azul
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