.......................................................................................................
O mundo era assim um misto
de poesia e lavoura
e eu não sabia que isto
ia ser missão vindoura.
Havia no vôo das aves
qualquer coisa de mistério,
como segredos suaves
falando de um sonho aéreo.
E com meus olhos de infância
quantas vezes vi a vida
num sonho azul de distância
toda de paz revestida.
Tudo era azul nesses dias,
o céu, as flores, o ar
e as borboletas vadias
que eu não podia pegar.
Eu tinha esse azul por dentro
de mim mesmo como um sonho
que depois se fez o centro
de verve de que disponho.
Azul era nossa paz
feita horizonte de anil
cingindo o longe por trás
do meu sonhar infantil.
Todo azul era o infinito
que de tão azul doía,
ante o nosso olhar contrito,
no clarão no meio-dia.
Azul era o mês de maio,
de ladainhas e festa,
novenas que hoje ensaio
com o azul que ainda me resta.
Azul era a água mansa,
quando em meus sonhos eu pude
imaginar em criança
um mar azul no açude.
E mesmo a paisagem franca
que se destacava ao sul
se chamava serra branca
e em vez de branca era azul.
Azul era tudo quanto
coloria a vida em torno,
pois sempre o céu foi um manto
que o sertão tem como adorno.
E a infância assim dividida
entre labor e poesia,
reinava então na medida
em que o sonho a repartia.
........................................................................................................
(Trecho do livro Tabuada de memória)
_____________
Para adquirir o livro entrar contato com email:
deusanachagas@gmail.com
Mostrando postagens com marcador azul. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador azul. Mostrar todas as postagens
sexta-feira, 15 de maio de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Lavoura azul
Trabalho nuvens como quem trabalha
o chão que é seu, mas eu não tenho chão.
Cultivador da natureza falha,
planto no azul o que de azul me dão.
Sobre o campo de nuvens cresce a palha
do sonho e cobre a minha solidão.
E esse abrigo de sonhos me agasalha
contra os falsos azuis que vêm e vão.
Minha roça no ar produz estrelas,
mas eu não tenho mãos para colhê-las,
nesta safra de azul que é nova e antiga.
Sou lavrador do quanto não se lavra
e é preciso que eu ceife na palavra
o maduro do azul e a sua espiga.
Poema extraído do livro Lavoura azul
___________
Para adquirir o livro entrar contato com email:
deusanachagas@gmail.com
o chão que é seu, mas eu não tenho chão.
Cultivador da natureza falha,
planto no azul o que de azul me dão.
Sobre o campo de nuvens cresce a palha
do sonho e cobre a minha solidão.
E esse abrigo de sonhos me agasalha
contra os falsos azuis que vêm e vão.
Minha roça no ar produz estrelas,
mas eu não tenho mãos para colhê-las,
nesta safra de azul que é nova e antiga.
Sou lavrador do quanto não se lavra
e é preciso que eu ceife na palavra
o maduro do azul e a sua espiga.
Poema extraído do livro Lavoura azul
___________
Para adquirir o livro entrar contato com email:
deusanachagas@gmail.com
Assinar:
Postagens (Atom)